Nova York acusa JBS na justiça de minimizar impacto ambiental de seus produtos com declarações enganosas

Procuradora-geral de Nova York acusa gigante da carne de "greenwashing" e de enganar consumidores sobre sua pegada de carbono.

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Nova York acusa JBS na justiça de minimizar impacto ambiental de seus produtos com declarações enganosas
Estado de NY processa a JBS por declarações enganosas sobre seu impacto ambiental — Foto: Bloomberg

A gigante do setor de carnes, JBS USA, subsidiária americana da maior produtora mundial de carne bovina, enfrenta sérias acusações de enganar o público sobre seu impacto ambiental. Letitia James, procuradora-geral do estado de Nova York, ingressou com uma ação judicial contra a empresa, levantando questionamentos sobre as práticas de sustentabilidade da companhia.

Segundo a ação, a JBS propagou uma série de declarações consideradas enganosas sobre seu compromisso com a redução das mudanças climáticas, prometendo atingir emissões líquidas zero de gases de efeito estufa até 2040. Contraditoriamente, documentos apontam para planos de expansão da produção, o que, invariavelmente, resultaria em um aumento da pegada de carbono da empresa.

Esta acusação surge em um momento crítico para a JBS, que almeja uma listagem na Bolsa de Valores de Nova York, e coloca em xeque a veracidade de suas iniciativas ambientais.

A procuradora-geral Letitia James destacou declarações do CEO da JBS, Gilberto Tomazoni, como evidências da conduta questionável da empresa. Em uma entrevista concedida ao jornal New York Times em setembro de 2023, Tomazoni afirmou estar confiante no progresso da empresa rumo à redução de suas emissões. Contudo, o Conselho Nacional de Revisão de Publicidade (NARB) classificou tais afirmações como enganosas.

A pecuária, especialmente a produção de carne bovina, é conhecida por ser uma das maiores fontes de emissão de gases de efeito estufa entre as commodities alimentares, contribuindo com 14,5% das emissões globais anuais. Em 2021, o Grupo JBS, controlador da JBS USA, reportou emissões globais de mais de 71 milhões de toneladas de gases de efeito estufa, superando as emissões totais de alguns países.

Letitia James enfatizou o impacto dessas práticas no consumidor e no planeta. "Famílias enfrentam diariamente os impactos da crise climática e estão dispostas a investir mais em produtos de marcas sustentáveis. Quando empresas como a JBS distorcem seus compromissos ambientais, enganam os consumidores e colocam nosso planeta em risco", afirmou.

Em resposta, a JBS contestou as alegações da procuradoria. Em declarações ao New York Times e ao jornal O Globo, a empresa reafirmou seu compromisso com a sustentabilidade e a agricultura responsável. "Continuamos a trabalhar com agricultores, pecuaristas e outros parceiros para alimentar uma população crescente de maneira sustentável, reduzindo o impacto ambiental", afirmou a JBS em nota.

A ação judicial contra a JBS por práticas de "greenwashing" – quando empresas fazem alegações ambientais falsas ou exageradas – levanta questões críticas sobre a integridade das promessas corporativas de sustentabilidade. Enquanto a JBS defende sua visão de uma agricultura sustentável, a justiça de Nova York busca garantir que as empresas não explorem indevidamente a confiança dos consumidores e o meio ambiente em busca de lucro.