Agora, Lula diz que não disse o que disse sobre Israel e o Holocausto

Entre distorções e acusações, a retórica de Lula desonra a memória histórica e ignora a realidade dos conflitos modernos

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Agora, Lula diz que não disse o que disse sobre Israel e o Holocausto
Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

A retórica política, em sua essência, deveria visar a clareza e a precisão, porém, o que observamos na recente entrevista concedida pelo ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva é um exercício de distorção e desinformação. Ao tentar relativizar suas declarações sobre o conflito entre Israel e Gaza, Lula se embrenha em um labirinto de falácias que não apenas desvirtuam a realidade mas também ofendem a memória de milhões de vítimas do Holocausto.

Lula, em sua tentativa de esquivar-se das críticas, alegou não ter mencionado o termo "Holocausto", uma manobra semântica que falha em ocultar a gravidade de sua comparação. Argumentar que "morte é morte" para minimizar a comparação entre as ações de Israel em Gaza e o genocídio perpetrado por Adolf Hitler é não apenas uma falha de lógica mas uma afronta à história. Essa equiparação não só é infundada, dado que Israel não pratica genocídio em Gaza, como também banaliza o Holocausto e reverbera um eco de antissemitismo ao igualar as vítimas aos seus algozes.

A tentativa de Lula de imputar a interpretação de suas palavras ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, por supostas inclinações ideológicas à direita, é mais um exemplo da manipulação narrativa. Alegar conhecimento sobre a "ideologia" de Netanyahu serve apenas para desviar o foco de suas próprias declarações inaceitáveis e tentar desqualificar qualquer crítica como politicamente motivada.

Ademais, a postura do governo brasileiro em relação ao Hamas, evitando classificá-lo explicitamente como um grupo terrorista — apesar das evidências e do histórico de ataques contra civis israelenses —, revela uma desconcertante ambiguidade moral. A relutância em nomear o Hamas como terrorista, escudando-se na ausência de tal designação pela ONU, é reveladora de uma predisposição ideológica que negligencia a segurança e a soberania de Israel.

A nota oficial do governo brasileiro sobre os ataques, que evita o termo "terrorista", e a subsequente correção de rota de Lula ao adotar a terminologia apenas após reações negativas, demonstram uma tentativa de navegação política que falha em reconhecer a natureza do Hamas. Este grupo, inequivocamente, prega a destruição de Israel e comete atos de violência contra civis, características que definem organizações terroristas.

A trajetória de Lula e suas declarações recentes não apenas contribuem para a degradação da linguagem política, mas também distorcem a realidade dos conflitos modernos e desrespeitam a memória histórica. Ao trivializar o Holocausto e adotar uma postura ambígua frente ao terrorismo, Lula não só falha em promover um diálogo construtivo sobre a paz e a segurança globais, mas também subestima a inteligência de seu público e desonra o legado das vítimas de atrocidades passadas e presentes.