Você pagaria R$ 20 mil para jantar com a Janja?

Em meio a uma crise sem precedentes, o PT planeja um evento suntuoso em Brasília, revelando o abismo entre a retórica e a prática do partido

· 2 minutos de leitura
Você pagaria R$ 20 mil para jantar com a Janja?
Foto: Reprodução/ TV Brasil

No próximo 20 de março, Brasília será palco de um evento que simboliza com precisão a desconexão do Partido dos Trabalhadores (PT) com a realidade enfrentada pelo povo brasileiro. A comemoração dos 44 anos do PT promete ser um espetáculo de ostentação, tendo como principal atrativo a presença da primeira-dama Janja Lula da Silva, junto ao presidente da República, Lula. Com convites a preços exorbitantes, que vão de R$ 350 a R$ 20 mil, o evento pretende "arrecadar fundos para estruturar e organizar o trabalho da pré-campanha das eleições de 2024", conforme proclamado pelo partido.

Sob o lema ‘Em cada canto, um Brasil mais feliz’, a festa nababesca distorce a realidade de um país ainda mergulhado em desafios econômicos e sociais severos, ignorando a difícil situação de milhões de brasileiros. A discrepância entre o custo dos ingressos e a realidade financeira da maioria da população é um testemunho eloquente do abismo que separa os líderes petistas das necessidades e expectativas dos cidadãos comuns.

A escolha de Janja Lula da Silva como chamariz para o evento evidencia uma estratégia de glamourização da política, distanciando-se ainda mais das origens operárias que o PT alega representar. O evento, descrito por Janja em um vídeo promocional como "uma noite de encontros e reencontros", promete performances musicais e a celebração da trajetória do PT, descrito por ela como "um dos maiores partidos políticos do mundo".

Esse jantar de confraternização, a ser realizado no Centro Internacional de Convenções do Brasil, um local com histórico de sediar grandes eventos, é mais um exemplo da ironia petista. Enquanto se autodenominam defensores dos trabalhadores e dos menos favorecidos, organizam festas cujos custos de participação são inacessíveis para a grande maioria da população brasileira.

O precedente para este tipo de evento foi estabelecido em 2022, com um jantar de arrecadação para o PT, que contou com a presença de Lula e do ex-tucano Geraldo Alckmin. Os valores cobrados na ocasião, variando entre R$ 3 mil e R$ 20 mil, já haviam causado indignação por refletir uma indiferença chocante para com as dificuldades enfrentadas pelos brasileiros. Organizado por um grupo de advogados conhecidos por sua oposição à Operação Lava Jato, o evento de 2022 visava se aproximar do então candidato à presidência, num claro exemplo de como o poder econômico busca influenciar a política nacional.

A realização dessas festividades suntuosas, financiadas por doações diretas ao fundo eleitoral do PT, revela uma faceta preocupante do partido. Em vez de se dedicar a compreender e solucionar os problemas reais do Brasil, o PT parece mais interessado em promover uma imagem de prosperidade e sucesso, mesmo que isso signifique alienar-se das verdadeiras necessidades de seu eleitorado. Esta festa, portanto, não é apenas um evento de arrecadação, mas um símbolo do contraste entre a retórica populista do PT e suas práticas elitistas, que apenas servem para aprofundar o abismo entre o partido e o povo brasileiro.