Soja: Preços no BR têm até R$ 4/saca menos nos portos em semana que se inicia sem Chicago

Produtores brasileiros enfrentam queda de preços e incertezas na colheita atual

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Soja: Preços no BR têm até R$ 4/saca menos nos portos em semana que se inicia sem Chicago
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A semana inicia com um cenário desafiador para o mercado de soja no Brasil, conforme aponta um estudo realizado pela Brandalizze Consulting. Mesmo com a ausência de referência da Bolsa de Chicago devido ao feriado do Dia de Martin Luther King nos EUA, os preços da soja no mercado nacional estão sob pressão, registrando uma redução de até R$ 2,00 por saca. Esta situação é agravada pelo fortalecimento do dólar em relação ao real. "E estes são os menores níveis em alguns meses", destaca Vlamir Brandalizze, consultor da Brandalizze Consulting, evidenciando a precaução do mercado diante de um cenário instável e da sensibilidade do mercado de Chicago.

Os vendedores no Brasil mostram-se reticentes em avançar com novos negócios, mantendo a comercialização lenta. Diante deste panorama, o consultor Brandalizze sugere que os produtores revisem suas estratégias comerciais, preparando-se para a pressão adicional que a chegada da nova safra poderá acarretar. "Continua chegando soja da safra passada nos portos, vemos muitas cerealistas, cooperativas, começando a derrubar balcão", explica Brandalizze, enfatizando a necessidade dos produtores liquidarem estoques antigos e o impacto negativo no mercado.

Atualmente, as referências para a soja no mercado de balcão variam entre R$ 100,00 e R$ 120,00, com diferenças regionais e condições de entrega e pagamento. Por outro lado, no mercado de lotes nos portos, como Rio Grande e Paranaguá, os preços também apresentam queda, afetando a disposição para negociações.

"A safra de soja neste início de semana deve continuar calma e com pressão negativa", acrescenta Brandalizze, apontando para a necessidade de adaptação dos produtores frente

à chegada da nova oferta e à lentidão nas vendas. A colheita de soja mais adiantada no Brasil desde 2017, com 2,4% da área já colhida, contrasta com as dificuldades enfrentadas pelos produtores, especialmente no Mato Grosso, onde se observa uma aceleração no ciclo das culturas e uma consequente redução nas produtividades.

O mercado ainda se encontra em um momento de incertezas quanto ao tamanho real da safra brasileira de soja. Com a nova oferta chegando ao mercado, os preços sentem uma pressão cada vez mais acentuada. "O mercado olha para órgãos oficiais e acaba que ele não reage na mesma intensidade que gostaríamos", comenta Matheus Pereira, diretor da Pátria, destacando a discrepância entre as expectativas do mercado e a realidade no campo.

Segundo a Brandalizze Consulting, aproximadamente 30% da safra atual já foi comercializada, um índice ainda atrasado em comparação com anos anteriores. "Há demanda por esta soja, mas uma demanda escalonada. A China vai comprar, mas vai comprar de forma mais escalonada", explica Brandalizze, sugerindo que os preços no mercado nacional devem continuar sob pressão no primeiro semestre.

Enquanto isso, na Bolsa de Chicago, os negócios serão retomados na noite desta segunda-feira (15), refletindo os últimos números do USDA, que apresentaram um relatório mensal de oferta e demanda desfavorável para os futuros da soja.

Esse cenário reforça a importância de uma gestão estratégica por parte dos produtores brasileiros, que devem estar atentos às variações do mercado e preparados para adaptar suas estratégias de venda e produção diante de um contexto econômico cada vez mais volátil e desafiador.