Em gravação vazada, Biden diz que caminhava para 'conversa decisiva' com Netanyahu

Uma conversa informal revela tensões e desafia a política externa dos EUA em meio ao conflito em Gaza

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Em gravação vazada, Biden diz que caminhava para 'conversa decisiva' com Netanyahu
A conversa flagrada pelas câmeras é mais um sinal da frustração de Biden ao lidar com Netanyahu sobre a questão de Gaza | Reprodução Redes Sociais

Em uma revelação surpreendente, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, compartilhou um momento de franca sinceridade sobre o rumo das relações diplomáticas com Israel. Em um vídeo divulgado nas redes sociais na última sexta-feira (8), Biden é visto conversando informalmente após seu discurso do Estado da União, na noite de quinta (7), manifestando preocupações diretas ao primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu. "Eu disse a ele, Bibi, não repita isso. Eu disse, Bibi, você e eu vamos ter um momento de 'conversa decisiva'", afirmou Biden, usando o apelido de Netanyahu. Durante o diálogo, capturado em um momento de desatenção, um assessor alertou o presidente sobre o microfone ligado, ao que ele respondeu com um resignado "Estou com o microfone ligado aqui. Bom. Isso foi bom".

Este incidente ilumina a complexidade e a frustração subjacentes à interação entre os líderes, especialmente no que diz respeito à delicada situação em Gaza. A tensão entre Biden e Netanyahu torna-se palpável, refletindo as divergências sobre o caminho a seguir para abordar a crise humanitária na região.

Além disso, a postura de Biden em relação ao conflito no Oriente Médio surge como um ponto de vulnerabilidade em sua campanha eleitoral, acendendo preocupações entre eleitores jovens e de origem árabe. Em um esforço para mitigar as críticas, o presidente anunciou durante seu discurso ao Congresso os planos para a construção de um porto flutuante na Faixa de Gaza. Este projeto visa facilitar a entrega de ajuda humanitária aos palestinos, que sofrem sob intensos bombardeios israelenses. Com mais de 30 mil mortes reportadas em cinco meses e cerca de 500 mil palestinos enfrentando fome, a iniciativa dos EUA, a ser conduzida por engenheiros militares americanos e sem previsão de custos, é um passo para aliviar o sofrimento na região.

No entanto, Biden ressaltou que "Israel deve fazer sua parte e permitir que mais ajuda entre em Gaza", sublinhando que a assistência humanitária não pode ser relegada a um plano secundário. A defesa de uma solução de dois Estados evidencia a busca por um acordo duradouro e justo.

A resposta ao discurso de Biden não se limitou às palavras; a deputada palestino-americana Rashida Tlaib e colegas, como Alexandria Ocasio-Cortez, manifestaram seu apelo por um "cessar-fogo duradouro agora" através de placas no Congresso. Protestos e mensagens contra a política de Biden em relação a Gaza também marcaram presença fora do Capitólio, evidenciando o clamor popular por uma mudança na abordagem do conflito.

Questionado sobre a conversa captada no vídeo ao embarcar no Air Force One rumo à Filadélfia, Biden negou inicialmente o comentário, afirmando: "Eu não disse isso". Contudo, diante da insistência dos repórteres, o presidente admitiu a conversa, embora com uma defensiva "Vocês me espionaram".

Este episódio, embora breve, revela as camadas de complexidade na política externa dos EUA e o desafio de navegar alianças históricas frente à urgência de crises humanitárias. A franqueza inadvertida de Biden oferece um vislumbre raro das pressões e dilemas que moldam as decisões no mais alto nível do poder global.