O Tribunal de Contas da União vive um conflito interno escancarado após a revelação da fraude bilionária contra aposentados do INSS. O ministro Bruno Dantas deu 15 dias para que o instituto apresente um plano de devolução dos valores descontados irregularmente por associações. Estima-se um rombo superior a R$ 6 bilhões. O caso, no entanto, estava parado há quase um ano sob a relatoria de Aroldo Cedraz, acusado pelos colegas de paralisar o processo.
Na última sessão, Dantas e Walton Alencar não pouparam críticas. “Estamos em maio de 2025 e não sabemos se alguma medida foi cumprida ou não”, disparou Dantas. Walton foi mais incisivo: “Agravo não tem efeito suspensivo. Houve três agravos e dois embargos, e nada foi feito.” Cedraz rebateu falando em “fake news”, mas admitiu que os descontos continuaram mesmo após a suposta suspensão.
A demora favoreceu entidades investigadas pela Polícia Federal, que já listou 38 reportagens como base para a Operação Sem Desconto. Deflagrada em abril, a ação resultou na exoneração do presidente do INSS e do ministro da Previdência. O caso é simbólico: mostra como a morosidade institucional e o jogo de empurra custam bilhões aos mais vulneráveis.