O Tribunal de Contas da União travou por quase um ano um processo que poderia ter barrado uma fraude estimada em R$ 6 bilhões no INSS. O ministro Aroldo Cedraz, relator do caso, retirou da pauta ao menos cinco vezes o julgamento de recursos apresentados por entidades acusadas de descontos ilegais em aposentadorias. Só após a deflagração da Operação Sem Desconto pela Polícia Federal, em 29 de abril, o caso avançou.
Enquanto o julgamento era adiado, os descontos indevidos continuaram drenando cerca de R$ 3 bilhões ao ano dos beneficiários. O próprio TCU havia determinado o bloqueio de novos abatimentos, mas o silêncio de Cedraz manteve o esquema intocado. O contraste entre o discurso crítico do ministro e sua inação revelou conivência com a sangria da Previdência.
Reportagens apontam que aposentados nunca autorizaram as cobranças, e que entidades viram lucros saltarem até 300%. Após a denúncia, o governo Lula exonerou o diretor de Benefícios do INSS e suspendeu os convênios, mas só depois do estrago consumado.