Em um cenário marcado pela volatilidade dos mercados agrícolas, o preço médio da laranja pera de mesa em janeiro alcançou um marco sem precedentes. Conforme dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a cotação atingiu R$ 78,89 por caixa de 40,8 kg, diretamente na árvore, estabelecendo um recorde real desde o início da série histórica em outubro de 1994. Este valor representa um aumento de 16% em relação a dezembro de 2023 e uma expressiva valorização de 90% comparado a janeiro do ano anterior, após ajustes inflacionários baseados no IGP-DI de dezembro de 2023.
Os especialistas do Cepea atribuem este panorama de preços elevados à escassez de oferta, uma realidade que persiste desde o início da safra 2023/24. Embora a produção corrente esteja alinhada com a média histórica, os estoques reduzidos de suco nas processadoras intensificaram a demanda pela matéria-prima, comprometendo a disponibilidade de laranjas para o mercado de mesa. A situação é ainda mais desafiadora devido ao período típico de entressafra da variedade pera, o que limita ainda mais o volume acessível aos consumidores.
Do ponto de vista da demanda, a equipe do Cepea reporta um interesse robusto pela fruta, impulsionado pelas elevadas temperaturas registradas, que naturalmente favorecem o consumo de laranja. Este conjunto de fatores convergiu para um aperto no mercado, resultando em cotações recordes e refletindo a dinâmica complexa que rege a oferta e a procura no setor agrícola.
Este cenário reforça a importância da gestão eficaz da cadeia produtiva da laranja, tanto para garantir a sustentabilidade do setor quanto para assegurar o abastecimento do mercado interno. Em tempos de incerteza econômica, a resiliência do agronegócio brasileiro e a capacidade de adaptação diante de adversidades são fundamentais para o equilíbrio entre a oferta e a demanda, mantendo a estabilidade dos preços e a disponibilidade de produtos essenciais como a laranja pera de mesa.
