A Polícia Federal confirmou que 67% das vítimas do esquema de fraudes no INSS são aposentados da zona rural, duramente atingidos por descontos associativos sem autorização. O rombo ultrapassa R$ 4,28 bilhões entre 2019 e 2024. Só a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) abocanhou R$ 2,1 bilhões. A dificuldade de acesso à internet e às agências físicas agravou ainda mais o cenário para quem vive no campo.
Em 186 cidades analisadas, 19 no Maranhão e Piauí apresentaram mais de 60% dos aposentados com descontos diretos. Segundo a CGU, as associações “não tinham nenhuma estrutura operacional para prestar os serviços que ofereciam”. O esquema prosperou à sombra da burocracia e do descaso, com valores arrancados direto da folha de pagamento dos beneficiários.
Sob pressão, o então ministro da Previdência, Carlos Lupi, jogou a toalha após tentar se eximir: “não podia ser responsabilizado por erros de terceiros”. Mas o escândalo mostrou que a omissão tem preço. E quem pagou foram os mais vulneráveis.
