Associações e sindicatos se uniram a bancos e cooperativas para operar uma verdadeira máquina de fraudes, travestida de crédito consignado. Entre 2021 e 2023, o esquema pode ter movimentado R$ 219,6 bilhões por meio da venda casada e uso indevido de dados de aposentados, segundo levantamento da Folha. Enquanto o escândalo das mensalidades indevidas já havia chocado o país, a verdadeira bomba estava sendo escondida atrás de contratos que muitos nunca assinaram.
A engrenagem é sórdida: com dados vazados, aposentados eram surpreendidos com descontos de R$ 300 a R$ 500 mensais sem nunca terem solicitado crédito ou se filiado a qualquer associação. Os empréstimos eram contratados em nome das vítimas, com as entidades “formalizando” o vínculo como se fosse um benefício. Na prática, era roubo com recibo, onde só quem ganha são bancos e sindicatos.
O TCU, em vez de investigar os contratos, limitou-se a visitar sites e concluiu que “não havia indício suficiente” de irregularidade. É o fiscal que procura drogas olhando vitrines. Enquanto isso, o salto nas cifras entregues às entidades, de R$ 57 bilhões para R$ 89 bilhões, foi ignorado. A estrutura é conhecida, a omissão é intencional e a conta, como sempre, cai no colo dos mais vulneráveis.
