Fora das eleições de agosto, Evo Morales foi barrado por decisão do tribunal constitucional da Bolívia, que limita a dois os mandatos presidenciais. Alvo de ordem de prisão por tráfico de menores, ele permanece refugiado em Chapare, onde cocaleiros armados o protegem. O MAS, seu partido, está dividido. Luis Arce, atual presidente, desistiu da reeleição e rompeu com Evo, sinalizando o colapso da antiga hegemonia política boliviana.
A queda de Morales expõe a fadiga de uma esquerda que dominou o continente nos anos 2000. Com Chávez morto e Maduro à frente de uma ditadura, a Argentina quebrou sob os Kirchner, e o Equador viu Correa exilar-se após condenação por corrupção. Lula da Silva, ainda no poder, comanda um partido envelhecido, sem sucessores ou força nos principais estados.
O ciclo de líderes que buscavam eternizar-se no comando chega ao fim. Sem propostas novas, a esquerda perde espaço para alternativas que rompem com velhos modelos. A América Latina começa a virar a página.