Enquanto o discurso oficial prega responsabilidade e moralidade, o governo repassa, longe dos holofotes, R$2,3 bilhões em emendas parlamentares só nos quatro primeiros meses do ano. O Tesouro confirma os pagamentos, mas o Portal da Transparência continua mudo desde janeiro. Uma operação silenciosa e conveniente que enfraquece o controle público e escancara o desprezo pela prestação de contas.
Tocantins foi o grande premiado, com Araguaína embolsando R$70,5 milhões — um escândalo travestido de repasse legal. As cifras bilionárias beneficiam aliados políticos como o senador Irajá e o deputado José Guimarães, irmão do vice-prefeito do município. A distribuição das verbas parece seguir menos a lógica da necessidade e mais a da conveniência.
Enquanto o STF encena preocupação e o governo encobre rastros, a farra segue firme. A desconexão entre a propaganda e a prática mostra um governo que, na ausência de escrutínio, prefere operar no escuro. Transparência, neste cenário, virou peça decorativa.