O financiamento cultural alcançou valores inéditos em 2024, com mais de R$ 17 bilhões autorizados pela Lei Rouanet, evidenciando o descontrole no uso de recursos públicos. Enquanto em 2019 a autorização somava apenas R$ 3,7 bilhões, o salto astronômico marca uma gestão que beneficia projetos grandiosos e artistas já estabelecidos, relegando ao esquecimento iniciativas regionais e comunitárias. É a cultura se tornando palco de uma festa que ignora quem mais precisa.
A política cultural, que deveria democratizar o acesso ao financiamento, mostra-se distorcida. Pequenos projetos, especialmente nas periferias, enfrentam barreiras quase intransponíveis. Por outro lado, artistas com amplo reconhecimento continuam abocanhando verbas milionárias, alimentando um ciclo de dependência estatal que pouco contribui para a renovação da cena artística nacional.
Com recordes históricos e em pleno ano eleitoral, o uso da Lei Rouanet reacende críticas sobre a falta de fiscalização. Recursos públicos não podem servir de sustento para uma elite artística. A verdadeira cultura deve alcançar o povo, e não apenas quem vive da máquina estatal.