Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central, desmontou a tese oficialista de que a alta do dólar se deve a um ataque especulativo. Segundo ele, "não é um ataque especulativo", mas sim reflexo da preocupação de investidores com a fragilidade fiscal. A moeda americana alcançou 6,26 reais, seu maior patamar histórico, fruto da desconfiança quanto à capacidade do governo de cumprir compromissos financeiros. A disparada, iniciada em novembro, escancara a percepção negativa do mercado em relação à condução econômica.
Meirelles destacou que o foco está na dificuldade do governo em aprovar cortes de gastos no Congresso. "É a dificuldade que o pacote de corte de gastos está enfrentando", apontou, ao mencionar o risco de aprovação parcial ou até o arquivamento da proposta. O mercado não perdoa indecisões: menos dólares entram, mais saem, e o câmbio dispara. O ministro Fernando Haddad admitiu que as medidas apresentadas são insuficientes, agravando a tensão econômica e institucional.
A crise evidencia a incapacidade do governo em construir uma agenda confiável. A crescente desidratação do pacote fiscal demonstra a fragilidade política e técnica. Sem ajustes sólidos, a confiança continuará erodindo, deixando o Brasil refém da volatilidade. O mercado exige responsabilidade e visão estratégica, e, até agora, nenhuma resposta concreta foi dada à altura da crise instaurada.