Por: André Müzelll
A Zona Norte do Rio de Janeiro vive uma guerra. Uma guerra invisível para quem governa de longe… mas muito real para quem sobrevive nas comunidades. Tiros, confrontos, escolas fechadas, e mais uma vítima: uma criança de apenas dois anos, baleada em Pilares.
Facções como o Comando Vermelho e o Terceiro Comando Puro se enfrentam diariamente por território, deixando moradores reféns do medo. A cada esquina, o risco de estar no lugar errado, na hora errada.
Enquanto isso, na mesma cidade, o governo federal prepara uma operação digna de filme. Nos dias 6 e 7 de julho, durante a Cúpula do BRICS, mais de 17 mil agentes de segurança — incluindo as Forças Armadas — serão mobilizados para proteger líderes mundiais.
Blindagem total no centro e na Zona Oeste. O Museu do Amanhã e hotéis de luxo serão cercados por um verdadeiro exército. A justificativa? Garantir segurança aos chefes de Estado de países como Rússia, China, Índia e os novos membros do bloco — como Arábia Saudita e Irã.
O BRICS é uma aliança econômica e política que busca maior influência global. Mas, longe das câmeras e dos tapetes vermelhos, o Rio real clama por paz.
A pergunta que não quer calar: se o Estado tem força para proteger dignitários durante dois dias… por que não consegue proteger os próprios cidadãos o ano inteiro?
A segurança no Rio virou espetáculo. Temporária, estratégica, seletiva. Enquanto isso, milhares seguem esquecidos… no palco da guerra que nunca sai de cena.
A Cúpula do BRICS termina. Os líderes partem. Mas a violência — essa permanece.